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A primeira vez como tragédia, a segunda como farsa

Esse artigo aqui, The Shame Cycle, é bem duvidoso.

Mesmo duvidoso, é super interessante. Basicamente, a articuladora diz que de agora em diante nós viveremos um período mais conservador em relação ao sexo, principalmente por parte da mulheres. Por quê? Porque até agora vivíamos uma era “progressista” no quesito, em que era admissível transar casualmente numa boa.

Ela pinça exemplos de livros e entrevistas para sustentar o argumento. E diz que historicamente foi assim – houve uma crescente liberalização a partir dos anos 60 para ter um pico nos anos 70 e, de repente, nos anos 80, as mulheres ficaram mais pudicas.

Sim, aparentemente houve uma liberalização sexual nos 60 que retrocedeu nos 80. Mas na década de 60 apareceu a pílula e na de 80, a Aids. Não estou falando que esses dois acontecimentos determinaram os costumes. Mas certamente tiveram alguma influência. Nada se fala a respeito disso no artigo.

E nem sempre a história se repete. E, se isso acontece, a segunda é como farsa.

PS: A Slate é um dos melhores lugares da internet. Acho que se formos levar em conta sites que não têm seus correspondentes reais (digo em papel), a Slate é provavelmente a melhor.

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Soninha, mire o Turco Loco

Buenos Aires alagada, morro desmoronando na Itália quase extinguindo uma cidadezinha… Tsc, tsc. Esses demo-tucanos estão em toda parte. Quem escreveu isso foi a subprefeita da Lapa, a Soninha. Ela vai se candidatar ao senado nessas eleições.

Sabe, tenho menos de 30 anos. Quase 30. Quando eu era mais moleque do que ainda sou, costumava vê-la na MTV e tinha uma grande simpatia por ela. Ela até apresentou o Lado B uma época. Foi por pouco tempo, mas de qualquer forma mostra que ela tem bom gosto. Ela se meteu numa confusão boba – disse que o Mellon Colie and the Infinte Sadness, do Smashing Pumpkings, era, num certo sentido, como o The Wall, do Pink Floyd. Acontece que o Pink Floyd só fez um disco bom e depois virou a banda mais cafona do mundo (depois do Rush). Os espectadores do Lado B não gostaram. Ela até se emendou ao vivo. Uma bobagem ultra-nerd que só cabe num programa de nerds musicais como era o Lado B (que era o melhor da MTV, disparado, ok? Conheci Dinosaur Jr, My Bloody Valentine, Sigur Rós e outras maravilhas vendo Lado B). Quando a Astrid saiu da MTV, a Soninha foi escalada para comandar um programa chamado Barraco MTV, que era um bate papo sobre temas polêmicos no qual desejava-se que os convidados se exaltassem. Também era legal. Principalmente quando ela estava à frente, já que ela é muito mais culta e escolada do que qualquer outra pessoa que já foi VJ da MTV.

De lá para cá, a Soninha volta e meia entra numa polêmica. Só que elas são cada vez mais sérias. Muitas vezes ela tem razão – como no caso da maconha, em que ela foi demitida da Cultura. De uns tempos para cá, ela começou a comentar o futebol. O futebol é o campo da polêmica certa. Qualquer bobagenzinha vira uma grande questão. O Dunga deve chamar Ronaldinho Gaúcho ou não? O Palmeiras deveria ter dado o Wagner Love para o Fla ou não? Nhém nhém nhém. Conclusão: ela curte uma polêmica. E tome fotos nuas num calendário pró-bicicleta! Tome frases infelizes como a que copiei acima (quantas pessoas morreram na Itália? E em Buenos Aires? E o que as pessoas que tiveram suas casas destruídas pela água receberam na Europa?).

Chego agora ao propósito desse post. Do alto da minha experiência em campanha política (isso é brincadeira, não tenho nenhuma experiência, simplesmente gosto de política, principalmente de eleições), vou dar um toque para a Soninha. Duvido que ela leia. De qualquer forma, e como já disse, a acho super simpática, aí vai: se você quer ser senadora, evite por um tempo as polêmicas. Porque não te ajuda.

Você disputa, mais ou menos, o mesmo eleitorado que aquele Turco Loco tinha. Você se lembra do logo dele? Era um grupo de jovens vetorizado, e todos carregavam um símbolo jovem – uma prancha de surf, uma guitarra, algo assim. Mais ou menos como um logo da Malhação. Aposto que o designer bolou a imagem vetorizada para que não fosse possível ver as caras parva dos possíveis eleitores. O seu primeiro logo era uma bola com um desenho seu. Uma ideia parecida.

Você se lembra de alguma polêmica na qual ele entrou? Ainda mais gratuitamente, como essa dos alagamentos que você cravou? Acho que não. Ele se limitava a dizer radical, força dos jovens, street wear e outras grandes verdades factuais que ele aprendeu na 25 de Março. O Turco Loco foi sempre votadíssimo. Íssimo.

Até aqui, não falei nada de novo para você. Aposto que você tem centenas de assessores que te dizem mais ou menos a mesma coisa. Agora, algo totalmente diferente. Você se lembra daquela matéria da Piauí? Um tanto maldosa, é verdade. Insinuava coisas terríveis. Boatos bobinhos. Pois bem. Meu tio ia votar em você para prefeita. Mas desistiu depois da matéria. Por que lá insunuavam asneiras? Não. Porque você curte falar um palavrãozinho. Aliás, você curte falar vários. Afinal, você é gente como eu, como meu tio. Not. Você é candidata. Ele achou que os palavrões eram uma prova da sua infantilidade (eu discordo disso, ok? Mas eu também não votei em você. Eu estava de férias). A cada mini polêmica que você protagonizar – seja até uma prosaica como falar palavrão o tempo inteiro na frente de uma repórter – você vai perder votos. E não tenta consertar com um fluxo de twittadas. Parece desculpa de alguém que flatulou em público.

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